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terça-feira, 7 de abril de 2009

Jazz em todo lugar

22/08/2006 - Carlos Calado, em matéria especial para a Folha de S. Paulo, 08/08/2006.
"Foi-se o tempo em que apenas as capitais do eixo Rio-São Paulo, com raras exceções, tinham acesso a shows de astros da cena internacional do jazz. Nesta década, festivais do gênero têm surgido em diversos Estados do país com uma característica comum: apoiados por órgãos governamentais, esses eventos buscam ampliar o turismo nessas regiões."Jazz é sinônimo de música de qualidade", diz a produtora Maria Alice Martins, que criou o festival Tudo É Jazz a pedido do Centro de Artes da Universidade Federal de Ouro Preto. A intenção era melhorar o nível dos turistas que visitavam essa cidade histórica mineira, prejudicada por constante dilapidação de seu patrimônio cultural.Cerca de 1.700 pessoas acompanharam a estréia do Tudo É Jazz, em 2002. Hoje a previsão é que 8.000 freqüentem os concertos, oficinas e outros eventos, de 21 a 23 de setembro, em Ouro Preto. Com um elenco que não deve nada aos de eventos similares realizados no exterior, o festival destaca expoentes do gênero, como o baixista inglês Dave Holland, o pianista norte-americano Jason Moran e o saxofonista italiano Francesco Cafiso."Não é um festival de massa", admite a produtora, atenta aos limites da cidade. Com custo aproximado de R$ 1,2 milhão, o festival tem apoio do Ministério do Turismo e patrocínio da Gerdau Açomimas, que entra com metade da verba por meio de leis de incentivo à Cultura. "Trazendo turistas de qualidade, em vez de predadores, contribuímos para uma cidade mais segura e organizada."Outro evento desse gênero que já se estabeleceu com sucesso é o de Guaramiranga, cidade de 5.000 habitantes (a 108 km de Fortaleza, no Ceará), que já prepara a oitava edição de seu Festival de Jazz & Blues para fevereiro de 2007. Neste ano, cerca de 15 mil visitantes freqüentaram os shows do evento.Impulso econômico"Guaramiranga é uma reserva de mata atlântica e não tem vocação agrícola, nem comercio ou indústria fortes", descreve a produtora Rachel Gadelha, que chegou a ser desestimulada por moradores da cidade, quando lançou o festival, só com o apoio da secretaria estadual de Cultura, em 2000. Naquela época, a cidade nem tinha hotéis e restaurantes suficientes para atender os turistas.Hoje, o evento contribui para o desenvolvimento econômico de Guaramiranga. "O festival movimenta não só a cidade, mas toda a região", diz a produtora, mencionando dados do Sebrae. "Os quatro dias do festival chegam a movimentar o equivalente a dez meses da arrecadação anual da cidade."Para atrair turistas ou mesmo fãs locais de jazz, alguns festivais recorrem até a soluções pouco comuns. Como o Londrina Jazz Festival, no Paraná, que vai sediar sua quarta edição, de 7 a 12 de novembro, no centro de eventos de um shopping. "Levamos em conta a boa infra-estrutura, o fluxo diário de 25 mil pessoas e a possibilidade de aliar aos shows uma programação de filmes de jazz nas salas de cinema", justifica o produtor Eduardo Martins."O Brasil não é só o eixo Rio-São Paulo", diz Robério Braga, secretário da Cultura do Estado do Amazonas, que realizou há pouco seu primeiro festival de jazz e já o inclui no calendário cultural do Estado para 2007. "O apelo do Teatro Amazonas e da floresta amazônica é forte, e nós temos que utilizá-lo para criar empregos e renda para a população. Esses eventos geram atividade econômica."Até turistas argentinos e chilenos foram a Búzios, no litoral do Estado do Rio de Janeiro, durante seu festival, em julho. "O público que vem à cidade, nesta época, é formado por pessoas entre 25 e 40 anos, de bom nível econômico, que preferem jazz e blues a rock", diz o produtor Mario Fernandez."
Essa é para a Secretaria de Cultura de Volta Redonda.