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quinta-feira, 9 de julho de 2009

DESCASO COM O PARAÍBA

SACOS PARA CONTENÇÃO QUE NÃO FORAM RETIRADOS
DA MARGEM DO RIO PELA PMVR


VISTO DE LONGE

LIXO NA MARGEM DO RIO


DEPÓSITO DE POSTES


CALÇADA QUE O SAAE QUEBROU E NÃO ARRUMOU

LIXO ASSIM É COMUM

POSTES DE MADEIRA

POSTES VISTO POR OUTRO ÂNGULO

OS MESMOS POSTES
AS PESSOAS NÃO COLABORAM E O PODER PÚBLICO NÃO FAZ SUA PARTE.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

O velho Paraíba


Quando eu era garotinho, ainda agarradão na barra da saia da D. Emilia, ele era uma presença enorme, ameaçador, cenário dos meus piores pesadelos. Alguns anos depois quando minha mãe disse: " Vai pra rua menino, conhecer o mundo, conhecer pessoas, mas não saia da calçada, viu?" minha visão sobre ele começou a mudar.
O primeiro contato não foi dos mais agradáveis, meu pai, funcionário da prefeitura tinha sido convocado para trabalhar no auxilio à população ribeirinha, que teve que ser deslocada de suas casas devido a cheia do velho Paraíba. Ele me levava a tira-colo para ajudá-lo.
Naquele tempo, eu, meu amigo Zeca, e seu irmão Ignácio costúmavamos nadar e pescar nos córregos afluentes do Paraíba. As águas eram límpidas e havia peixe com fartura.
O tempo foi passando e aos poucos os córregos começaram a ficar pequenos, rasos e sem emoção pra gente. Um dia consideramos que já estávamos em condições para enfrentar as águas amareladas do Paraíba, os meninos maiores já nadavam lá. Então fomos nós também bater mãos e pernas no rio. Sem nenhuma coordenação, contrariando todas as teorias sobre natação, mas conseguindo milagrosamente ficar sobre a água. Não tínhamos a mínima noção do perigo que inocentemente estávamos enfrentando, mas felizes da vida. Lembro que a gente nadava pelado, não podíamos molhar nossas roupas, por que nossas mães não podiam nem imaginar que tínhamos nadado no rio Paraíba. Se soubessem o coro iria comer no bom sentido. As vezes algum engraçadinho escondia ou dava nós nas roupas só pra atazanar nossas vidas. Moleque sempre moleque, não é mesmo? Posso afirmar que o Paraíba fez parte da passagem da infância para a vida adolescente de muita gente por aqui.
Sempre havia gente pescando por alí. Comia-se o pescado sem medo ou remorso.
Os caras maiores e os jovens mais afoitos atravessavam o rio, até a ilha da CSN para buscar gioabas. Faziam a travessia de volta boiando nos sacos carregados de goiabas. Alguns ficaram o meio do caminho. Faziam a travessia tambem em grandes câmaras de ar. Incrível!
O Paraíba teve muitas cheias, muitas pessoas morreram em suas águas, as vezes tristemente por vontade própria, outras devido a simples imprudência do sujeito.
Há pouco tempo uma tragédia se abateu sobre o Paraíba, todos lembram e ficaram indignados com a descarga de produtos quimicos no rio.
O Paraíba taí, poluido por esgoto residencial, dejetos industriais e pelo descasso do poder público. Mal cuidado desde suas margens até a suas águas - não serão calçadão e iluminação que mudará esse quadro - mas a fauna que o rio abriga é maravilhosa, uma dádiva para os sentidos. Familias inteiras de capivaras - dezenas - em grupo, passeiam por suas margem ao anoitecer. O Paraíba também é morada de lagartos, patos e garças. Pássaros como o bem-te-vi, o sabiá, o canário e a viuvinha, enfim uma fauna bem diversificada.
Prova definitiva que o rio não está morto. Um tempo após o despejo da substância química os animais que vivem no rio e do rio desapareceram.
Mas como a natureza é sábia aos poucos eles foram voltando para continuar a ser os astros principais neste palco da vida que se chama rio Paraíba do Sul.