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domingo, 8 de março de 2009

O primeiro Jazz a gente nunca esquece


Conheci o jazz ainda garoto, lá pelos idos de 66, naquela época, ouvia-se muito rock and roll por influência dos Beatles e do Elvis. Qualquer moleque que aprendia alguns acordes no violão fazia sucesso entre as meninas. Em minha casa só se ouvia música brasileira. Muito samba. Ataulfo Alves, Elizete Cardoso, Carlos Galhardo, Ciro Monteiro, Dorival Caymmi. Depois aprendemos a apreciar as artes de Roberto Ribeiro, Luiz Ayrão, Paulinho da Viola, Cartola, Elza Soares.
Meu pai tinha uma bela voz e gostava de cantar. Nas festas de aniversário lá em casa ou em casa de amigos só dava ele. Era um boêmio. Minha mãe ciumenta não dava mole pra ele não. Afinal, ela sabia que aquele baiano de olhos verdes e voz da barítono fazia sucesso além dos círculos musicais.
Minha Mãe também cantava tinha uma voz macia muito afinada que lembrava um pouco a voz da Gal Costa. Por isso minha raiz está no samba.
A gente vivia em uma vila de casas e a convivência entre as pessoas era muito estreita, pareciam parentes. Nesse tempo a vida era uma festa pra mim. Aquelas pessoas eram pioneiros que vieram para trabalhar na construção da CSN e colonizar Volta Redonda. Parecia coisa de velho oeste. Minha família tinha vindo Rio de Janeiro, tinha gente também de Minas Gerais, do norte e do nordeste, do Oiapoque ao Chuí. Tinha gente de todo o canto do país. Imagine o caldo cultural que era isso.
A vizinha mais próxima da gente era uma mineira, a Dadá, ela ouvia muito Ray Charles e Nat King Cole e acabei seduzido por aquele tipo de musica. Anos depois é que fui descobrir que mineiro além de fazer boa comida, produz musica instrumental reconhecida internacionalmente um bom gosto musical, acho que nem é preciso citar nomes.
Muitas vezes eu fugia pra casa dela sem minha mãe saber pra ficar ouvindo aqueles bolachões Ray Charles e do Nat King Cole e acompanhar ela trabalhando na cozinha hummmmmmmm, que delícia.
Tocava também rock na vitrola mas meus ouvidos insistiam em só querer ouvir Ray Charles e Nat King Cole. Que música maravilhosa.
O tempo passou, e passei a ouvir outros estilo musicais como a MPB de Ivan Lins, Ronaldo Monteiro, Eduardo Souto Neto, César Costa Filho, Luiz Gonzaga Júnior, Fagner, Belchior, Caetano Veloso e Gilberto Gil e pela Bossa Nova de Durval Ferreira, Menescal, Leny Andrade, Marcos Valle, João Donato, Zimbo Trio, Tom Jobim.
Aí graças a batida peculiar da bossa nova não demorou muito pra eu me decidir e entrar definitivamente para o mundo do jazz.
Hoje, pra mim não existe outro estilo musical, é o jazz em todas as suas matizes e cores.

Um comentário:

  1. bom ouvir essas histórias... saber de como era a minha família e lembrar de minha querida avó e meu querido avô.
    Pra mim foi muito mais fácil conhecer o jazz (nem me lembro quando) do que para vc em 66.
    Minha geração já pegou tudo muito fácil, ali na mão, na MTV, nas livrarias que vendiam k7's e cd's e nas rádios do Rio.
    Mas é isso aí, assino embaixo e digo que o jazz está em tudo que gosto, do rock ao reggae, da bossa nova ao blues...
    Afinal um ritmo tão rico em timbres e tons, que mexe com a alma e com o coração merece essa bela homenagem que você faz acima, pois é assim que vejo este texto.
    Parabéns pelo blog!!!

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