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quinta-feira, 26 de março de 2009

Loucura


Concordo, como leigo, com os especialistas que defendem que instituições psiquiátricas nunca serão soluções para os problemas que as pessoas portadoras de doenças mentais enfrentam, mas por outro lado eu questiono a política de saúde mental do governo federal cujo “objetivo é contribuir efetivamente para o processo de inserção social dessas pessoas, incentivando a organização de uma rede ampla e diversificada de recursos assistenciais e de cuidados, facilitadora do convívio social, capaz de assegurar o bem-estar global e estimular o exercício pleno de seus direitos civis, políticos e de cidadania”.
Isso quer dizer que a família despreparada, desmotivada e sem recursos é obrigada a cuidar do seu ente querido. Nem todas estão preparadas para essa dura missão. Nem todos tem o amor necessário para isso. O resultado disso você pode notar nas ruas.
Um dia desses conversando com um amigo indaguei a ele se tinha notado a quantidade de pessoas com comportamento estranho vagando por Volta Redonda. É um tal de você encontrar com gente falando ou gesticulando sozinho. Ele disse que isso era por conta da crise. “É a falta de dinheiro e perspectiva que faz isso”, completou.
Eu busquei lá no fundo da memória os diversos tipos com que eu tinha já tinha cruzado no meu vai e vem por essa cidade e me lembrei de alguns.
Tem a Xuxa que todo dia empurra um carrinho cheio de tralha acompanhada por vários cachorros, há um homem que veste uma camisa por cima da outra, ele anda vestido com várias camisas ao mesmo tempo. Tem um que fica vagando pelo Aterrado, o pessoal o chama de Rambo, todos no bairro o conhecem, ele nunca toma banho, e adora uma caneta e papel para escrever coisas indecifráveis. Tem também um homem negro que costuma ficar junto à UFF na Vila vestido com roupas que lembram um farda, capacete na cabeça e com uma bíblia nas mãos, e o menino, lá do Retiro que dirige um veículo imaginário pelas ruas do bairro.
Esses são inocentes exemplos mas tem o lado negativo como daquele individuo que assassinou duas pessoas a golpe de facão, uma delas em plena luz do dia no bairro Aterrado.
Ao presenciar essa realidade a dúvida me atormenta. A questão da saúde mental sempre atormentou e assombrou a humanidade, segregar os portadores de doenças mentais é uma medida desumana e cruel que o tempo mostrou ser ineficaz, mas por outro lado vê-se que a política de integração social e familiar do portador de doença mental do governo federal tem deixado muita gente perambulando e falando sozinho pela cidade.
Será que resolve a questão?

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